SOBRE
A ALMA
A
alma que habita todos os corpos de todos os seres vivos
é eterna e não pode ser morta?
Sim.
Os Vedas ensinam que a alma é eterna e habita
8.400.000 formas diferentes de vida neste mundo material.
Ela não pode ser morta, pois, ao terminar uma
vida, ela passa para a próxima levada pelas concepções
mentais que desenvolve em sua vida presente. Geralmente,
o processo reencarnatório é evolutivo
e a alma expande sua consciência num processo
de evolução subjetiva, como nos ensina
Srila Guru Maharaj, até alcançar uma forma
de vida humana superior, na qual desperta sua percepção
espiritual e procura restabelecer sua união,
ou ioga, com a Suprema Personalidade de Deus, Krishna.
Existe
algum ser humano sem alma?
Não
existe nenhum ser vivo que não seja a alma, pois
é a alma que dá vida à matéria
que, de outro modo, é uma substância imanifesta.
A alma é a identidade original de cada criatura
deste mundo, até mesmo do átomo, e a quem
os cientistas graciosamente nomearam de "quark". Krishna
ensina no Gita que o sábio vê com visão
equânime a todos os seres vivos, a vaca, o cão,
o filósofo, o homem comum, a mulher, o pássaro,
a planta, a pedra: tudo que existe na criação
de Deus é feito de uma mesma substância
anímica.
Como
é a alma conhecedora da esfera da ação?
A
alma que percebeu a si mesma existindo além das
coberturas da energia ilusória e material (Maya)
e se ocupa em sua função eterna de servir
a Krishna é capaz de perceber a sua esfera de
ação. Ela percebe que o corpo é
o veículo por meio do qual executa atos no plano
da realidade material. Assim desperta e dotada de conhecimento
espiritual obtido de um guru genuíno e devoto
puro de Krishna, torna-se capaz de perceber que a esfera
de ação se compõe do corpo físico
formado dos elementos materiais densos: terra, água,
fogo, ar e éter, e do corpo sutil formado dos
elementos mente, inteligência e ego.
Três
elementos espirituais constituem a alma: existência
eterna (sat), conhecimento ou consciência (chit)
e bem-aventurança ou êxtase (ananda). Devido
a essa sua natureza tríplice, a alma não
consegue encontrar satisfação neste mundo
material que a encobre em seu estado condicionado. É
que este mundo é asat, ou temporário e
mortal, achit, ou ignorante e inconsciente e nirananda,
ou miserável e sem êxtase.
A
alma não tem vínculo com o mundo material
a não ser pela projeção de sua
energia nessas oito substâncias que formam seus
veículos físico e mental. A posição
da alma é transcendental e apenas mantém
contato com a matéria através da sua energia
percebida como a consciência. Essa consciência
se vincula às células do corpo pelo apego
que sente pela substância material. Desse modo,
a alma assume a substância material e a anima,
oferece-lhe anima, ou alma, vida.
Mas
essa substância serve apenas como o campo de ação
para a alma em seu estado condicionado. Ao se libertar
do afeto material e expressar o seu afeto divino e espiritual
pelo Senhor Supremo, a alma se liberta do jugo dos modos
da natureza material e se ocupa no serviço amoroso
ao Senhor, utilizando o corpo e todas as substâncias
e objetos deste mundo nessa oferenda devocional.
Se
a alma é superior à inteligência
e a inteligência resoluta é superior à
mente, como fazemos para controlar a mente que todo
o tempo tenta perturbar a alma?
É
possível controlar a mente com o tipo de inteligência
que obtemos de nosso Guru e de Krishna em rendição.
Guru Maharaj chamava essa inteligência de dharma-buddhi,
que significa inteligência religiosa. Com uma
inteligência teísta, moral e espiritualizada
podemos controlar os impulsos degradantes da mente e
dos sentidos, o que é um exercício constante.
No Gita,
Krishna diz que os sentidos são como os cinco
cavalos de uma carruagem; as rédeas que controlam
os cavalos são a mente; a inteligência
é o cocheiro que dirige as rédeas. Sentados
na carruagem, encontramos dois passageiros: nossa alma
e Deus. Se a alma se rende a Krishna, como fez Arjuna,
Krishna oferece Sua direção suprema que
a alma transmite à inteligência, que então
controla as rédeas da mente, que dá direção
aos cavalos dos sentidos que conduzem a carruagem do
corpo com segurança ao destino supremo. Caso
contrário, cada cavalo dos sentidos puxará
a carruagem do corpo na direção de seus
interesses particulares. As rédeas da mente não
os poderão controlar. A inteligência ficará
perdida e dominada pelo medo. A carruagem se despedaçará,
e a alma cairá no abismo da existência
dolorosa da vida material.
E
como controlar os sentidos?
O verdadeiro
controle dos sentidos consiste de exercer o domínio
sobre eles ocupando-os ininterrupta e imotivadamente
no serviço devocional ao Senhor Supremo e a Seus
devotos puros, na prática da genuína bhakti-yoga.
Ainda
que esses sentidos de percepção pertencem
ao plano da existência material, ao ocupá-los
em contemplar a manifestação neste mundo
da forma, dos nomes, das atividades, dos perfumes e
dos sabores transcendentais vinculados à devoção
pelo Supremo Senhor dos sentidos, Govinda, Krishna,
a alma transcenda sua condição material.
Os sentidos
que agem de tal modo assemelham-se aos sentidos espirituais
da alma, que, no estágio condicionado, ainda
estão adormecidos. Por isso, quando ocupamos
os sentidos materiais na atividade de percepção
e serventia espirituais, os sentidos espirituais despertam.
Os olhos contemplam a forma de Krishna, os ouvidos ouvem
o som da flauta de Krishna por trás de tudo e
Seus Santos Nomes, as narinas cheiram o aroma dos perfumes
dos incensos e das flores oferecidas a Krishna, e a
língua saboreia os pratos saborosos que foram
oferecidos a Krishna com devoção e canta
Seus Santos Nomes e glórias infinitas. Desse
modo, os sentidos, ainda que físicos, ficam ocupados
em atividades espirituais. Esse é o verdadeiro
controle dos sentidos praticado na bhakti-ioga.