A Flauta de Krishna

Canção dos Pés de Lótus de Radharani

Uma conversa com

Srila Bhakti Sundar Govinda Dev-Goswami Maharaj

Em sua varanda no
Sri Chaitanya Saraswat Krishnanushilana Sangha,
Dum Dum Park, Calcutá, 28 de fevereiro de 2002.

Apresentada por Sripad Bhakti Sudhir Goswami Maharaj em seu Daily Darshan Website:

Srila Govinda Maharaj oferece uma vivência profunda na explicação sem igual que Srila Sridhar Maharaj deu ao Gayatri Mantram: a flauta de Krishna está cantando a canção do serviço aos pés de lótus de Radharani (gayatri muralista kirtana-dhanam radha-padam-dhimahi).


Existe o gayatri mantram, mas o que estamos cantando é mantra: o Hare Krishna maha-mantra. As escrituras mencionam:

Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare

Este não é o mantram mas é o maha-mantra. Vale a pena em especial notar isso. As escrituras descrevem que o que recebemos quando tomamos segunda iniciação é o gayatri mantra. Esse é o mantram — o gayatri mantram.

Na primeira iniciação, obtemos do Guru o maha-mantra. Precisamos diferenciar conscientemente entre o mantra e o mantram. No "Chaitanya Charitamrita", Krishnadas Kaviraja Goswami mostra claramente a diferença : por meio do Krishna mantra a pessoa obterá liberação da existência material, mas somente por meio do Krishna-nam a pessoa ingressará na terra da dedicação e alcançará o serviço aos pés de lótus de Krishna (krsna-mantra haite habe samsara-mochana, krsna-nama haite pabe krsnera charana).

Com isto em mente, podemos compreender o que é o quê. Se desejamos ingressar no mundo transcendental, primeiro precisamos o auxílio do maha-mantra, pois o maha-mantra pode resgatar a pessoa do nível mais inferior e levá-la ao nível mais elevado. Para obter o gayatri mantra é necessária alguma qualificação; existem regras e regulamentos, muitos obstáculos etc. Gayatri é mantram, e harinam (o Santo Nome de Krishna) é maha-mantra. O harinama maha-mantra é muito apropriado para a era de Kali yuga. Cada yuga tem seu próprio maha-mantra, e a isso se dá o nome de, taraka brahma nam (o nome espiritual liberador).

É assim como a tromba de um elefante que produz um som tão grande que captura os corações e a atenção de todos. Mas esse som não possui uma forma material— é puro som espiritual. E esse som divino descende a este mundo desde a flauta do Senhor Krishna.

Algumas manhãs, eu observo como nosso templo está decorado com o logo de nosso Math [no centro se encontra uma flor de lótus (o discípulo) abrigado pela água (o guru) nutrido sob o sol brilhante do OM (Krishna). Na base, encontra-se a flauta de Krishna com sua canção divina da liberação descendendo a este mundo.] Eu penso o quão doce e inteligentemente Srila Guru Maharaj descreveu isso em sua explicação do Gayatri Mantra.

Gayatri significa, "Cante e você obterá a liberação!" (ganat trayate iti gayatri). Um estilo tão belo! "Dance, cante e você obterá a liberação!" Isso é gayatriganat trayate. Ninguém em lugar algum e em tempo algum explicou dessa maneira a forma de vibração transcendental do Senhor. Nenhuma religião diz, "Cante, dance e obtenha a liberação!"

E que forma tem essa canção? Murali significa a flauta de Krishna, o som que sai da flauta de Krishna (muralista-kirtana-dhanam). A flauta de Krishna está cantando. Flautas existem para cantar e não para assoprar, não para produzir violência. O doce som da flauta de Krishna traz paz ao coração.

E o que é que a flauta está cantando? Que tem um objetivo. Quando cantamos, temos algum objetivo em mente. Também empregamos ritmo e métrica. A flauta tem um regulador e essa métrica é — o nome de Radharani. Nenhum outro som está provindo da flauta, somente, "Radhe, Radhe, Radhe, Radhe, Radhe!" Somente este som está provindo — numa variedade de formas.

Podemos conceber algo nesse particular ao estudarmos a vida e o carater de Raghunath Das Goswami. Das Goswami está cantando diariamente:

radhe vrindavana-vilasini radhe radhe
radhe kanu-mano mohini radhe radhe
radhe asta-sakhira siromani radhe radhe

Nesta canção, cada verso conclui com "Radhe Radhe!" Ele é cantado diariamente no Templo de Radha Damodar. Quando Prabhupada Saraswati Thakur teve seu primeiro encontro com Gaura Kishor Das Babaji, Babaji Maharaj cantava essa canção. E sempre cantava essa canção, estivesse caminhando na estrada ou sentado em bhajan, ele sempre cantava essa canção. Esse som é a única canção que provém da flauta do Senhor Krishna. A manifestação em som de sua influência divina espalha-se por todos os mundos, transcendental e mundano.

Obtemos essa compreensão da descrição do Rasa Lila no "Srimad Bhagavatam". Primeiro, Krishna chama todas as Gopis a se reunirem para a Rasa Lila tocando sua flauta. É o chamado claro e penetrante. E este chamado é a real propriedade de todas as almas (jivas). Compreendemos isso através de Bhaktivinod Thakur:

jiv jago, jiv jago gaurachanda bole
kota nidra jao maya-pisachira kole

Esse é o chamado claro e penetrante ou é o quê? Estamos dormindo na ignorância no colo de Maya, mas o chamado claro e penetrante está vindo: "Acorde!" Os "Upanishads" dizem, uttishata jagrata prapya varan nibodhata, "Acorde, levante-se e comece a busca por Sri Krishna. Agora chegou a hora de obter amor por Krishna." Os "Upanishads"… Bhaktivinod Thakur… a canção da flauta de Krishna — a essência desse som, a sua riqueza, é realizada em conexão com os pés de lótus (o serviço) a Srimati Radharani (Radha Dasyam).

Krishna somente se sente atraído por Sua Potência Divina. Ela está servindo a Krishna de todo coração e muito amplamente com Suas associadas. Ela é conhecida como Radharani. E Krishna está sempre e apenas pensando nEla.

O som da flauta de Krishna não apenas regula o madhura rasa mas a todos os rasas. No madhura rasa, Radharani é a chefe, mas todas as demais rasas também são mantidas pela madhura rasa. Madhura rasa é a adi rasa, a rasa principal de onde brotam todas as demais rasas. Madhura rasa mantém toda variedade de relacionamentos espirituais: passivo, ativo — de servo, amigo, parente — guardião (shanta rasa, dasya rasa, sakhya rasa, vatsalya rasa). Manutenção significa preservação. O supremo e doce humor de serviço de Radharani sustenta a inteira existência espiritual.

Gayatri-muralista-kirtana-dhanam. Geralmente, nos referimos ao maha-mantra Hare Krishna ou a qualquer canção devocional como sendo kirtan ou sankirtan. Mas existe uma pequena diferença entre os dois. Aquilo que fazemos sozinhos pode ser chamado de kirtan. Mas sankirtan significa quando numa reunião de devotos, seu coração se manifesta, e a esse tipo de kirtan se dá o nome de sankirtan (bahubhir militva yat kirtanam tad eva sankirtanam).

Aqui Guru Maharaj especificamente mencionou kirtana dhanam. Kirtan não é apenas recomendado a todos, mas é a riqueza de nossa vida, porque através do kirtan obtemos ingresso no Rasa Lila — na brincadeira divina com Krishna, Radharani e as Vraja Gopis — tocando, cantando, dançando. E essa é a riqueza das almas-jiva liberadas.

Guru Maharaj diz não somente kirtan mas kirtana dhanam. A flauta não é uma vara de bambu ou algo feito de metal. Está viva. Isso significa que é um ser vivo consciente (chetana). Todos no mundo transcendental e material possuem livre arbítrio, essa liberdade que Krishna concedeu a todos. O corpo de flauta é uma forma de consciência. Ela possui desejos e livre arbítrio como qualquer outro ser, mas está utilizando sua liberdade para este serviço inconcebível ao Senhor Krishna. O êxtase da flauta ocorre no cantar a canção dos pés de lótus de Radharani (Radha Dasyam).

sakhi murali visala-chchidra-jalena purna
laghur atikathina tvam granthila nirasasi
tad api bhajasi svasvach chumbanananda-sandram
hari-kara-parirambham kena punyodayena
"Vidagdha Madhava", Rupa Goswami

[Ó amiga flauta, que tipo de coisas boas você fez que um tal pedaço de bambu seco e duro como você , com mais falhas (nós) do que furos, desfruta por ser espremida pelas mãos de Krishna e saboreia um fluxo infindável de néctar de seu beijo?]

Esse sloka de Rupa Goswami Prabhu glorifica a flauta.

A flauta tem a sua própria vida que está dedicada a esta que é a mais desejável e saborosa canção (istha kirtana dhanam). Eu não consigo expressar mais do que isso em inglês. Mas posso ver nos olhos. Não consigo expressar— talvez. Mas é a verdade, aquilo que a flauta está tocando, isso está escrito em toda parte. Ela está tocando o nome da Serva Suprema do Senhor Krishna. Srimati Radharani é a Forma da Serva Suprema do Senhor Krishna.

Isso está plenamente descrito no "Garga Samhita". Eu vi isso ontem talvez— abri o livro e obtive isso. Essa é a misericórdia de Guru Maharaj. De pé no arati e vendo o logo do Math acima das Deidades, meu cérebro começou a funcionar. Cérebro é material, e matéria não consegue tocar o transcendental, mas tudo é possível pela graça de Gurudeva. Assim, pela graça de Srila Guru Maharaj, eu me sinto muito esperançoso. O significado do Gayatri como foi revelado por Srila Guru Maharaj é que: a flauta de Krishna canta a canção dos pés de lótus de Radharani (Radha Dasyam).

A palavra dhimahi no Gayatri é muito famosa na literatura sânscrita. Duas palavras estão mais presentes nos gayatri mantrams: dhimahi e prachodayat. A palavra final na meditação é prachodayat. Não é que nós apenas meditaremos, mas o mantram nos pressionará a servirmos a Radharani.

Precisamos conhecer as regulações e injunções espirituais (chodanampratichodanam). Esse conselho escritural é encontrado nos "Vedas", "Upanishads", "Bhagavad Gita", "Mahabharata" etc. Sruti e Smrti: "Bhagavad Gita" é smrti e sruti é "Vedanta", "Upanishads" etc.. Mas aqui chodanam significa prerana (inspiração). Que tipo de inspiração? Inspiração enérgica — inspirar de modo vigoroso. A natureza do mantram é assim: capturar a mente da alma através da inspiração e energicamente ocupar a pessoa no serviço a Radharani. Esse é o significado extraordinário que Srila Guru Maharaj deu ao Gayatri Mantra.

E eu encontrei esse tipo de néctar no "Garga Samhita", talvez mil vezes. Devemos observar que no "Srimad Bhagavatam" todos os exponentes mais exaltados e qualificados do mantram védico estavam presentes na reunião de Sukadev com Parikit Maharaj. Veda Vyas registra seus nomes no "Bhagavatam" porque cada nome também representa uma diferente escola de pensamento ("Srimad Bhagavatam" 1.19.9-10).

Ainda que eles eram os mais sêniores representantes de todas as escolas do pensamento védico, Sukadev Goswami não tentou revelar plenamente os segredos esotéricos da concepção de Krishna (Goloka Vrindavan — aprakrta lila). Por inferência, ele revelou a verdade mais elevada. Mas Sukadev Goswami não expôs a concepção de Sri Chaitanya Mahaprabhu (radha bhava dyuti suvalitam naumi krsna svarupam).

Mahaprabhu veio para dar algo que nunca havia sido dado antes (anarpita-charim chirat karunayavatirnah kalau). Aquilo que nunca havia sido dado antes neste mundo material –e não somente neste universo material, mas nos milhões de universos neste céu material–, em nenhum lugar isso havia sido dado. Mahaprabhu Chaitanyadev veio para dar isso (krsna prema pradayate). E isso pode ser encontrado no "Srimad Bhagavatam". Mas Viswanath Chakravarti Thakur diz claramente que, se você busca por evidência, você é um tolo pois ainda que o "Srimad Bhagavatam" possa ser a escritura mais júnior, contém o pensamento mais sênior.

Depois de ter revelado todas as escrituras, Veda Vyas ainda estava infeliz. Ele foi novamente iniciado por Narada Goswami, meditou e então compôs o "Srimad Bhagavatam". Assim, é a mais júnior das escrituras em termos da data de sua composição, mas é a mais sênior, e apresenta as belas teorias da realidade mais elevada de modo organizado para as almas deste mundo (jiva chetana). Srila Guru Maharaj usava essa expressão, jiva chetana: pode se tratar de uma atmosfera material, mas a base do mundo é a consciência.

Contudo ainda existe uma pequena desconfiança nas mentes de devotos de coração puro: "Se o objetivo desse livro é revelar a devoção de Radharani (krsna prema), então porque o "Srimad Bhagavatam" não menciona o nome dela?" Misericordiosamente, Srila Guru Maharaj nos apresentou essa teoria em seu sloka original:

yadamiya-mahima-sri bhagavatyam kathayam
pratipadam anubhutam apyalabdhabhideya
tadakhila-rasa-murteh syama-lilavalamvam
madhura-rasadhi-radha-padapadman prapadye

No "Srimad Bhagavatam", em toda parte, cada sloka, cada letra, está glorificando o santo nome de Radharani. Sua forma particular pode não ser visível, mas Krishna está sempre brincando com quem? Com Radharani. O "Srimad Bhagavatam" é a Brincadeira do Doce Absoluto. Então, é impossível que o nome de Radharani não esteja presente. Mas Sukadev a está escondendo por trás de um véu de inferência. Na Índia, existe um sistema de casamento. As meninas casadas sempre mantêm suas cabeças cobertas. Quando uma pessoa honorável e sênior chega, elas imediatamente cobrem suas cabeças. Esse também é o estilo do "Srimad Bhagavatam" de ocultar mas mesmo assim de revelar Radharani.

Sem a associação de Radharani, Krishna não é nada!

A brincadeira do Doce Absoluto em Goloka Vrindavan depende de Radharani. Somente Ela pode intercambiar plenamente rasa com Krishna. Krishna é o empório de todas as rasas (akhila-rasamrta-murtih), mas quem pode conter esse oceano infinito de rasa? Quem é o pote? O pote é Radharani. Nesse pote Krishna está mantendo Sua riqueza e sabor. Caso contrário, ficará estragado. Assim, Krishna mantém toda Sua riqueza no pote de Radharani e saboreia o humor de devoção dEla.

Essa é a explicação que Srila Guru Maharaj deu ao Gayatri mantra. E ninguém apresentou nada como isso no mundo consciente — este mundo consciente material. Ninguém apresentou uma explicação como a de Guru Maharaj. Em seus últimos dias, vimos Guru Maharaj continuamente descobrindo coisas novas. r ealidade, tudo estava dentro dele, mas ele dizia isso a todos. Finalmente, na conclusão de sua vida lhe perguntaram: "Em nenhum lugar encontramos que alguém apresentou tal explicação do Gayatri mantra, por que o senhor a está dando? Aquilo que todos os Acharyas mantiveram oculto, por que o senhor está expondo isso?"

Dentro do Gayatri mantram, dentro do Rig mantram — Guru Maharaj revelou tudo. Eu peguei seis explicações. Escolhi dali — e quatro eu considerei especificamente. Mas é o meu desejo específico pegar esta uma: dhir aradhanam eva nanyad iti tad radha-padam dhimahi. Buddhidhi. Buddhi — Aonde é que buddhi irá? Existem dois tipos de inteligência: uma é para e outra é apara. A inteligência apara está sempre servindo ao Senhor. Então dhir aradhanam eva nanyad iti, sem servir ao Senhor, inexiste qualquer outra concepção. Esse é o vakya, o significado de Guru Maharaj — a sua explicação. Mas eu peguei, gayatri-gaditam mahaprabhu-matam, onde (radha-padam dhimahi) está um pouquinho oculto.

O mantram original do "Rig Veda" é:

om tad visnoh paramam padam sada pasyanti surayah
diviya chaksur atatam visnor yat paramam padam

Esse é chamado de Rig mantra. Mas Srila Guru Maharaj intensificou esse Rig mantra:

om tad visnoh paramam padam sruti
matam muhyanti yat surayah
drastah chaksur iva prasarita-maha-suryeva divyatatam
dhamna svena sada nirasta-kuhakam satya param sabditam
jyotih priti-tanum hiranya-purusam pasyanti tam surayah

Essa linha é especialmente significativa: jyotih priti-tanum hiranya-purusam. A refulgência e o amor— Coração e Aura— assumiu a forma de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Esse tipo de revelação é o milagre de Guru Maharaj!

Tantos panditas podem compreender o idioma sânscrito, mas ninguém consegue extrair a essência do êxtase de dentro do sânscrito. Isso é um fato. No "Upanishad" está dito muito claramente, nayam atma bala-hinena labhyo, nayam atma pravachanena labhyo, na medhaya na bahuna srutena. Você sabe tantas coisas — talvez. Você pode ter muita inteligência (medha), mas você não compreenderá. Sem a graça de Nityananda Prabhu, sem a graça de Baladev, você não pode entender nada.

Mas quando Krishna na forma do guru der este mantram a você e você meditar com sua própria existência, então você terá que compreender (yam evaisa vrnute tena labhyas). Não há dúvida. Mas por toda parte as pessoas estão infectadas por dúvidas e questionamentos. Portanto, por toda parte existe tanta dificuldade. Mas Ele se revelará a si mesmo àqueles a quem Ele escolher (tasyaisa atma vivrnute tanum svam). É como se não tivéssemos olhos! Como corujas, que não gostam de olhar para o sol. Se não temos um par de olhos, como poderemos enxergar? (andhi bhuti chaksu yara vishaya dhulite, kemone se para tattva paibe dekhite). Essa é uma expressão Bengali. Como pode enxergar alguém cujos olhos ficaram cegos com a poeira da concepção material?

Hare Krishna!

Aqui temos a palavra surayah. Guru Maharaj a utilizava apenas para honrar os "Vedas", "Upanishads". Mas Guru Maharaj não deu o significado da palavra surayah como sendo "a visão dos deuses." Surayah significa os semideuses. Eles estão vendo, mas os semideuses nunca podem ver essa realidade superior – hiranya-purusah sem a misericórdia de quem? A misericórdia de jyotih priti-tanum sem a misericórdia de Mahaprabhu. Sem a misericórdia de Nityananda Prabhu, mesmo os deuses (surayah) tampouco podem ver. Isso é um fato. Não é que eu é que estou dizendo isso, mas o próprio Brahma concorda:

jananta eva janantu
kim bahuktya na me prabho
manaso vapuso vacho
vaibhavam tava go-charah

"Aqueles que dizem, 'Eu conheço Krishna' — deixe-os falar. Mas no que me diz respeito, eu não posso compreender sequer um pouquinho a respeito das glórias dEle. E por isso me sinto desorientado. E isso não ocorre somente corporal, mental ou verbalmente, mas toda minha existência ficou cega sem Sua misericórdia, meu Senhor."

Brahma duvidou da divindade de Krishna e queria testar a Sua onipotência. Ele roubou as vacas e os pastorzinhos amigos de Krishna, enquanto eles lanchavam e descansavam de seus passatempos de cuidar das vacas (gostha-lila). Brahma os escondeu numa caverna neste planeta e depois de um ano retornou e ficou chocado, "Tudo está normal! Os passatempos de Sri Krishna em Vrindavan continuam como sempre sem interrupção."

Ele pensou que as vacas e os pastores de algum modo tinham conseguido fugir e retornaram a Vrindavan. Assim ele voltou para seu planeta Brahmaloka e foi verificar e viu que eles ainda estavam dormindo sob a influência de sua ilusão. Ele desejara confundir a Krishna, mas ao invés, era ele quem estava agora completamente confuso. Ele retornou a Vrindavan e finalmente caiu aos pés de lótus de Krishna. Ele implorou por perdão de ter duvidado de Sua divindade e de ter falhado de realizar Sua potência inconcebível.

Ajoelhando-se diante de Krishna, Brahma ofereceu muitas preces maravilhosas, apenas para ser docemente despedido com um mero olhar afetuoso dos olhos de lótus de Krishna.

Não é todo dia que esse tipo de substância divina vem à tona. Hoje eu sou muito afortunado— todos vocês são muito afortunados. E tudo isso veio simplesmente por ter olhado para o logo de nosso Math. Por sua misericórdia, eu pude dar alguma explicação a respeito da concepção do Gayatri dada por Srila Guru Maharaj (gayatri-muralista-kirtana-dhanam radha-padam dhimahi).


O Significado Oculto do Gayatri

Srila Bhakti Rakshak Sridhar Dev Goswami

bhvades tat savitur varenya-vihitam kshetra-jña sevyarthakam
bhargo vai vrsabhanu-jatma-vibhavaikaradhana sri-puram
(bhargo dhama-taranga-khelana-sudhaikaradhana sri-puram)
(bhargo dhama sada-nirasta-kuhakam prajñana-lila-puram)
devasyamrta-rupa-lila-rasadheraradha-dhih prerinah
(devasyamrta-rupa-lila-purusasyaradha-dhih presinah)
(devasya dyuti-sundaraika-purusasyaradhya-dhih presinah)
gayatri-muralista-kirtana-dhanam radha-padam dhimahi
(gayatri-gaditam mahaprabhu-matam radha-padam dhimahi)
(dhir aradhanam eva nanyad iti tad radha-padam dhimahi)

 

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