Srila Bhakti Raksak Sridhar Dev-Goswami
Maharaj apresenta sua análise exclusiva da palavra
sânscrita "anartha".
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"Anartha" significa "interesse
separado." A consciência de Krishna não
tem causa. É nirguna, não tem fim.
Nirguna significa que o fluxo e a vibração
central da consciência de Krishna são eternos.
Essa onda não tem fim. Anartha é
qualquer interesse que esteja separado da consciência
de Krishna. "Artha" significa "necessidade" e
"anartha" é aquilo que não é
a minha necessidade aquilo que se opõe
à minha necessidade e se baseia numa consciência
e interesse separados. Assim, para nos livrarmos da
armadilha do interesse separado que nos está
desorientando, e aprendermos a ler o Infinito, temos
de nos identificar com o fluxo universal, com a onda
universal.
No
presente, estamos sendo levados embora por diferentes
ondas de uma consciência de interesse separado
o que não necessitamos. Nossa única
necessidade é submergirmos na onda do interesse
universal, que existe por Si mesmo e para Si mesmo.
aham
hi sarvva-yajnanam
bhokta
cha prabhur eva cha
(Bhagavad-gita 9.24)
"Eu
sou o único desfrutador de todos os sacrifícios,
de todo movimento neste mundo. Eu sou o único
desfrutador, e tudo pertence a Mim incondicionalmente."
A posição de Deus é proeminente.
Ele é o centro harmonizador mais elevado, e todos
nós devemos nos submeter cem por cento a Ele.
Qualquer desvio disso é anartha. Anartha
quer dizer "sem significado", que não possui
qualquer significado. O único significado ou
objetivo verdadeiro que vale servir é a conexão
com a onda universal, com o movimento universal. Tudo
o mais além disso é indesejável
e desnecessário.
Os
anarthas não servem a qualquer propósito.
Estamos conectados a coisas indesejáveis que
não servirão a qualquer propósito
real na direção de nossa causa. Mas a
verdadeira causa de nossa vida e toda a satisfação
da nossa própria existência serão
encontradas apenas em conexão com a onda universal
do Todo Absoluto. Isso é consciência de
Krishna. Trata-se da onda mais universal e fundamental,
e temos de capturar isso.
Nosso
objetivo, nossa satisfação e o próprio
preenchimento de nossa vida somente podem ser encontrados
lá, naquela camada, naquele plano, e não
no plano superficial do interesse nacional, interesse
familiar, interesse social, etc. pois isso é
provincialismo. Um grupo se encontra ocupado com muitos
interesses locais, e outro deseja interromper todas
as atividades.
Renúncia
é parar com nosso próprio movimento, acabar
com nossa própria existência. Essa renúncia
é samadhi, e é também suicida.
Então, temos de abandonar tanto renúncia
quanto o desfrute. A tendência a praticar o mal
e também a tendência a entrar em greve,
ambas devem ser abandonadas.
Numa
nação, podemos encontrar vários
trabalhadores fazendo algo errado, contrariando o princípio
da lei; mas isso é delinquência. Ao mesmo
tempo, também é ruim entrar em greve,
recusando-se a trabalhar. O bom caminho é de
trabalhar apenas para o interesse do país. Temos
de aprender isso: do interesse local, devemos ir para
o universal, o Absoluto. Não devemos ter qualquer
interesse local por mais amplo que possa ser, seja autocentrado,
centrado na família, centrado no vilarejo, centrado
na sociedade como o trabalho humanitário,
pois tudo é apenas uma parte do Infinito. Isso
é um fato, e, geralmente, devemos tentar compreender
as coisas dessa forma.